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ATUAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA RESPIRATÓRIA EM PACIENTES TRAQUEOSTOMIZADOS Escrito por: Iarah Pereira Rafael; Isabella Kelly Divino; Lívia de Melo Maciel; Pâmela de Souza Cortez; Renata Silva de Toledo; Sarah de Oliveira Andrade; Thales Augusto GonçalvesOrientado por: Profª Dra. Pâmela Camila Pereira. INTRODUÇÃOPara que haja eficiência no processo de respiração, os diversos órgãos que formam o sistema respiratório devem trabalhar de forma conjunta. No momento em que há a interrupção desse processo, é necessário recorrer a medidas que visam a sobrevivência do indivíduo. A traqueostomia (TQT), podendo ser citada como uma dessas medidas, é um procedimento cirúrgico que estabelece uma comunicação direta do meio externo com a traqueia, através da inserção de uma cânula.Mencionada pela primeira vez por Asclepíades, na Grécia, no ano de 100 a.C., a traqueostomia tem relatos históricos desde a antiguidade, sendo a mais antiga um hieróglifo encontrado numa pirâmide egípcia, a qual simulava o procedimento. Em razão do pouco conhecimento sobre a anatomia e dos maus resultados, o procedimento era de difícil aceitação, sendo realizado exclusiva-mente em pacientes graves. Atualmente, a TQT é um procedimento frequente utilizado em pacientes críticos com ventilação mecânica (VM) prolongada. Trata-se de um mecanismo comum, principalmente quando dirigido à área oncológica e, especialmente, em cirurgias de cabeça e pescoço. A necessidade de cuidados com a mobilização e remoção das secreções diante a dificuldade do individuo traqueostomizado em eliminá-las, faz-se necessária, a fim de possibilitar uma higiene brônquica adequada e uma boa ventilação. A fisioterapia respiratória pode contribuir de forma significativa com relação à remoção das secreções, a partir de técnicas denominadas como técnicas de higiene brônquica. Os procedimentos podem ser realizados através das técnicas convencionais, também conhecidas como terapia tradicional, englobando técnicas manuais, drenagem postural, percussão, estímulo de tosse, vibrocompressão e huffing, a fim de promover a depuração mucociliar e consequente eliminação das secreções. TRAQUEOSTOMIAA traqueostomia (TQT) é um procedimento cirúrgico onde realiza-se uma incisão no pescoço do indivíduo com o objetivo de criar um orifício na traqueia para inserção de uma cânula, a qual permite uma via alternativa de ventilação. É utilizado em casos de obstrução das vias aéreas superiores (VAS), visando a facilitação da entrada e saída de ar e reduzindo o processo fisiológico natural (nariz-boca-laringe-traqueia-brônquios e alvéolos), uma vez que o ar entra diretamente pela traqueia. Esse recurso pode ser permanente ou temporário. Estudos atuais demonstram que a TQT, quando comparada com a presença de tubo orotraqueal, é mais bem tolerada por pacientes conscientes, previne danos à laringe e diminui o trabalho respiratório e a resistência das vias aéreas. Entretanto, estudos também apontam que, após o procedimento de traqueostomia, os músculos cervicais e torácicos, a faringe, a laringe e a glote têm suas funções alteradas ou eliminadas, resultando na diminuição do volume residual pulmonar e aumento da elastância do sistema respiratório e levando à evolução para insuficiência respiratória aguda e infecção respiratória aguda em razão da ocorrência de áreas de microatelectasias de base. As traqueotomias podem ser classificadas em preventivas, paliativas ou curativas, em razão da finalidade. Também podem ser de urgência ou eletivas, quando relacionadas ao tempo apropriado, e temporárias ou definitivas quanto ao tempo de permanência do paciente.Atualmente, as principais indicações da realização da TQT são para permitir a ventilação mecânica em intubações orotraqueais prolongadas, para facilitar manobras de liberação de obstrução de VAS e a higiene pulmonar por acúmulo de secreção traqueobrônquica. Além disso, diminui o tempo de ventilação mecânica e de internação em UTI, necessita de menor sedação e reduz o trabalho respiratório e o risco de pneumonia associada à ventilação mecânica, bem como a melhora da aspiração das vias aéreas e o melhor conforto e segurança para o paciente. O tempo médio de realização da TQT varia entre 2 a 14 dias após a intubação orotraqueal. Quando realizada entre 6 a 8 dias após a intubação é denominada traqueostomia precoce e quando executada entre 13 a 15 dias, traqueostomia tardia. A tomada de decisão para a realização da TQT é advinda do julgamento clínico dos médicos, principalmente daqueles que trabalham em Unidade de Terapia Intensiva fechada, a partir da análise das características de cada paciente como motivo da intubação, doenças associadas, respostas ao tratamento e prognóstico individualizado. Consideradas como vantagens para a realização da traqueostomia, tem-se a diminuição do espaço morto fisiológico, o menor tempo no desmame da VM e a diminuição da resistência do fluxo de ar. Entretanto, o uso prolongado pode favorecer o aparecimento de complicações tardias como hemorragia, pneumotórax, infecções, traqueomalácia, fistulas e obstrução do tubo por rolha ocasionada por secreção. Assim, a decanulação é um importante ponto na reabilitação desses pacientes. A decanulação consiste na retirada da cânula e na realização do curativo oclusivo do estoma. Só é realizada quando não há mais a necessidade da VM, quando a secreção está controlada e a doença primária respiratória resolvida. Pode ocorrer de duas maneiras, sendo uma delas de maneira brusca e outra progressiva (desmame). Deve-se ressaltar que o processo de desmame demanda cuidados, principalmente quando houve uso prolongado da TQT, e gera inseguranças tanto para o paciente quanto para a família, devendo ser realizado corretamente por uma equipe multiprofissional a fim de evitar complicações. ATUAÇÃO FISIOTERAPÊUTICAA atuação do fisioterapeuta em pacientes com traqueostomia é abrangente e cobre várias etapas do cuidado ao paciente, desempenhando um papel crucial na melhoria da qualidade de vida. O fisioterapeuta contribui significativamente para o desmame da ventilação mecânica, ajudando a reduzir a dependência do paciente em relação ao suporte ventilatório.Manter a higiene brônquica é essencial para a saúde respiratória. O fisioterapeuta utiliza técnicas como a aspiração traqueal para remover secreções acumuladas nas vias aéreas. Este procedimento é realizado com um cateter de aspiração e ajuda a limpar a traqueia e os brônquios, melhorando a ventilação e a oxigenação do paciente. Em alguns casos, a ventilação não invasiva (VNI) pode ser empregada para auxiliar na ventilação e na remoção de secreções. A umidificação do ar respirado pelo paciente também é importante, pois ajuda a manter as secreções mais fluidas e facilita sua remoção. Dispositivos de umidificação conectados ao sistema de ventilação podem ser utilizados para esse fim.Além disso, técnicas de reabilitação pulmonar são aplicadas, como exercícios de respiração profunda e expiração forçada, que promovem a expansão pulmonar e a mobilização de secreções. Técnicas de desobstrução, como a tosse assistida, são empregadas para ajudar o paciente a expelir secreções de forma mais eficaz. O fisioterapeuta orienta o paciente a realizar a tosse de maneira controlada e utiliza diferentes posições corporais, como a posição de Fowler ou a posição lateral, para facilitar a drenagem das secreções através da gravidade.Os cuidados com a traqueostomia envolvem a troca de fixações, o monitoramento dos sinais vitais e a manutenção geral para prevenir complicações. O fisioterapeuta também participa do planejamento e da execução da decanulação, que é a remoção do tubo traqueostômico.O acompanhamento fisioterapêutico não se limita ao tratamento físico. Ele também favorece a reintegração social e o retorno às atividades diárias, ajudando os pacientes a se adaptarem às mudanças em suas rotinas e à nova condição. Além disso, o fisioterapeuta desempenha um papel educacional importante, orientando pacientes e familiares sobre os cuidados necessáriose os benefícios da traqueostomia, o que pode reduzir a ansiedade e melhorar a aceitação do procedimento.No contexto dos cuidados paliativos, o fisioterapeuta adota técnicas que visam melhorar a qualidade de vida do paciente, como a correção de posicionamento e a oferta de oxigênio. Essas práticas são fundamentais para promover conforto e assegurar a qualidade de vida durante o tratamento oncológico.CONCLUSÃOEm conclusão, a atuação do fisioterapeuta em pacientes com traqueostomia é integral e multifacetada, abordando não apenas os aspectos técnicos e físicos do cuidado, mas também promovendo a qualidade de vida e a adaptação do paciente às suas novas condições. A contribuição do fisioterapeuta no desmame da ventilação mecânica, na manutenção da higiene brônquica, na reabilitação pulmonar e nos cuidados específicos com a traqueostomia é vital para o manejo eficaz da condição respiratória e para a prevenção de complicações. Além disso, o suporte oferecido na reintegração social e no contexto dos cuidados paliativos reflete o compromisso com o bem-estar geral do paciente, ajudando a melhorar sua qualidade de vida e a reduzir a ansiedade. O papel educacional desempenhado pelo fisioterapeuta é igualmente crucial, pois orienta pacientes e familiares, promovendo a compreensão e a aceitação do tratamento. Dessa forma, a atuação do fisioterapeuta não só facilita a recuperação, mas também assegura um manejo humanizado e eficaz da traqueostomia, evidenciando a importância desse profissional na equipe.REFERÊNCIASABREU, Millena. Complicações apresentadas por pacientes pós-traqueostomia: revisão integrativa. 2020. Monografia – Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2020.ALVES, F. O.; ZALAF, L. R.; DA SILVA, A. E. et al. Atuação da fisioterapia no paciente oncológico traqueostomizado: Uma revisão narrativa / Physical therapy in tracheostomized oncology patients: A narrative review.Brazilian Journal of Health Review, v.4, n.5, p.20183–20201, 2021.ROSSI, V.; SANTAMBROGIO, M.; DEL MONACO, C. et al. Safety and feasibility of physiotherapy in ICU-admitted severe COVID-19 patients: an observational study.Monaldi archives for chest disease, v.92, n.4, 2022.SILVA, M. M., et al. O uso de traqueostomia precoce em pacientes pediátricos submetidos a ventilação mecânica prolongada: uma abordagem sistemática. Cuadernos de Educación y Desarrollo. v. 15, n. 9, p. 9015-9031. 2023.SPICER, L.; STEPHENSON, E.; TATE, L. et al. 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